quinta-feira, 30 de agosto de 2012

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Significado da Escultura Grega

A escultura é uma das mais importantes expressões da cultura grega. Além de possuir grandes méritos artísticos intrínsecos, tanto no terreno do conceito como da técnica e da forma, foi instrumento utilíssimo, sendo veículo e ilustração de uma série de valores daquela sociedade, estando ligada a inúmeras esferas da vida e do saber, como a religião, a política, a ciência, a decoração de espaços e edifícios públicos, o esporte, a educação, e outras. Mais do que isso, inseminou uma grande variedade de outras culturas da bacia do Mediterrâneo, penetrou até a Índia durante a época de Alexandre, o Grande, exerceu decisiva influência sobre a escultura romana, como antes havia feito com a escultura etrusca, definiu muitos dos principais parâmetros da arte da Renascença e do Neoclassicismo, e é uma referência das mais relevantes mesmo nos dias de hoje para toda a cultura do Ocidente.

Vênus de Milo, uma das mais célebres estátuas de todos os tempos, obra de Alexandros de Antioquia, atualmente no Louvre


               Centrada na representação do homem e de deuses antropomóficos, embora se manifeste também em uma grande diversidade de outros sujeitos, alguns dos cânones formais para o corpo humano que introduziu foram uma criação inédita na história da arte mundial, estabelecendo uma bem sucedida aliança entre a imitação realista e quase científica das formas naturais e sua idealização, e ainda hoje são largamente prestigiados como modelos de beleza. Também foi importante na inauguração de um novo ramo filosófico, a estética. Algumas de suas obras mais destacadas se tornaram ícones populares, como a Vênus de Milo, o Apolo Belvedere e a Vitória de Samotrácia, e os nomes dos seus artistas mais importantes, entre eles Fídias, Policleto e Praxíteles, são aureolados de grande fama.


Os Períodos Estilísticos
Período Geométrico:
                 As raízes da cultura grega clássica podem ser estabelecidas no Período Geométrico (c. 900 - 700 a.C.), quando diversas transformações sociais importantes levaram à formação da cidade-estado, o núcleo social urbano onde nasceu a maior parte da arte subsequente. Desenvolve-se o alfabeto grego, o comércio se intensifica com a Ásia Menor e o sul da Itália e se fundam diversos templos. Desta fase sobrevive uma variedade de artefatos, entre cerâmicas, adornos, armas e estatuetas votivas de bronze e barro, mostrando formas altamente estilizadas, evidenciando uma artesania de considerável habilidade, mas não há traços de estatuária de grande porte. 

Período Dedálico:
         O Período Dedálico (c.650-600 a.C.) foi assim denominado em homenagem a Dédalo, o herói mítico que é tido como inventor da arte da escultura. As características marcantes nesta fase, que mostrou grande homogeneidade, são a rígida frontalidade, o modelado achatado do corpo e o desenho simplificado da anatomia, que é antes uma idealização do que uma observação da natureza.


                   Kore dedálica chamada de Dama de Auxerre, c. 635 a.C., Louvre
Detalhe do Cavaleiro Rampin, com o sorriso característico do período arcaico, c. 550 a.C. Museu da Acrópole de Atenas


 Um dos tipos principais de escultura, o kouros, era sempre nu, e no período Arcaico ele era ainda mais nu do que durante a fase Dedálica, quando muitas vezes o jovem portava um cinturão. Assim, os problemas de representação anatômica não mais poderiam ser ignorados, e nota-se maior atenção à observação do natural, embora as formas ainda devessem se encaixar no esquema geral idealizado.


Período Severo:
Em linhas gerais esta fase se caracteriza por um progressivo incremento no dinamismo das figuras, os braços ganham em liberdade, o torso se flexibiliza e há maior detalhamento e suavização da anatomia. 
                         Estatuária pedimental do Templo de Afaia, Gliptoteca de Munique

O modelado da cabeça se harmoniza com o do corpo, os detalhes são reduzidos a um mínimo com ênfase nos traços anatômicos principais, o sorriso arcaico tende a ser substituído por uma expressão séria e distante, e aparecem representações mais verossímeis da velhice, embora ainda exista grande idealismo nas formas. Nesta fase é formulado o chamado perfil grego, unindo a testa e o nariz em uma linha retilínea, e o bronze começa a se tornar um material de uso freqüente. 



Período Clássico:
O primeiro grande centro produtor do classicismo é Atenas, acompanhando sua hegemonia e esplendor, construindo uma sociedade democrática - para os padrões da época - e que prezava a liberdade individual, favorecendo uma arte mundana. O interesse gradualmente se desloca do geral para o particular, do simples para o exuberante, e a representação anatômica chega a um estágio de grande verossimilhança, com maior estudo da musculatura do tronco e membros em detrimento da face, que perde em expressividade embora ganhe em semelhança e detalhamento, surgindo os primeiros retratos.

Afrodite Braschi, uma das várias cópias conhecidas da Afrodite de Cnido, de Praxiteles, c. 345 a.C., que criou um cânone de beleza feminina. Gliptoteca de Munique


 Os panejamentos e mantos das vestes recebem atenção especial e adquirem variedade como complementos formais importantes para a figura humana, as posições são muito variadas, e as esculturas abandonam definitivamente a frontalidade para receberem acabamento por igual em todas as suas partes, de forma a poderem ser apreciadas de todos os ângulos.


Período Helenístico:
O Período Helenístico na escultura grega é dos mais complexos e menos compreendidos, em função da multiplicidade de influências que se cruzam e da ausência de um único centro difusor. Em seu início continua a grande tradição do auge do classicismo, criando obras perfeitamente modeladas em todos os ângulos, mas já estudando efeitos de transparência no vestuário, aproveitando os jogos de luz com finalidades estéticas e expressivas, e enfatizando a variedade de posturas e sentimentos, criando um repertório de formas inteiramente novo e que muitas vezes tinha um caráter historicista, resgatando elementos de períodos anteriores. 


                                  Laocoonte e seus filhos, c. 200 a.C.,Museus Vaticanos


Os escultores já não se sentiam obrigados a retratar o ideal. São introduzidos temas como o sofrimento, o sono, a morte, a infância e a velhice, que ofereciam formas e expressões ainda pouco exploradas.


Os matérias:
Madeira, marfim e metais preciosos:
A madeira foi usada especialmente na fase arcaica em estatuetas de culto, as xoana, embora nenhum exemplar tenha sobrevivido, dada a fragilidade do material. De outros tipos de escultura em madeira também quase nada restou senão escassos fragmentos, como partes de uma imagem de Hera preservada no Museu Arqueológico de Samos. A madeira foi também empregada como base para coberturas de bronze, ouro ou prata, uma técnica conhecida como sphyrelaton, aprendida dos hititas e egípcios, igualmente para imagens votivas. Relíquias neste gênero foram encontradas em Creta, datando do século VIII a.C., e em Delfos, cujo Museu Arqueológico preserva a cobertura de um grande touro em prata, cujo cerne de madeira já não existe. Ali também estão depositados fragmentos de estátuas de deuses na técnica criselefantina, que aplicava lâminas de ouro e marfim sobre uma base de madeira. Altamente apreciada, mas rara e custosa, seus exemplos mais notáveis foram as infelizmente desaparecidas estátuas colossais de marfim e ouro representando Zeus e Atena, de Fídias, que outrora estavam entronizadas nos templos dos deuses respectivos em Olímpia e em Atenas. Aparentemente a técnica era empregada em outros tipos de decoração, já que Pausânias deixou uma descrição de um cofre em ouro e marfim adornado com cenas da Guerra de Tróia, que teria permanecido em exibição em Olímpia até alguns séculos depois de Cristo. Em marfim puro subsiste maior número de peças, arcaicas, de motivo religioso, a maior parte sendo ex-votos de figuras humanas e animais, dos quais exemplos importantes são os encontrados no templo de Artemis Orthia em Esparta, que traem influência oriental.


Terracota:
Usada desde os tempos arcaicos, a argila cozida serviu para a confecção de inúmeras estátuas votivas e elementos de decoração arquitetural. São significativas as originais estatuetas com membros articulados encontradas na Beócia, produzidas no século VIII a.C., geralmente de proporções não-anatômicas e acabamento grosseiro.
Dama em azul, terracota pintada e dourada de Tanagra, c. 300 a.C., Louvre


Com a passagem do tempo a tosca imaginária religiosa de cunho popular em terracota cedeu lugar a representações do cotidiano em um estilo progressivamente mais refinado, encontradas em abundância em importantes centros de produção como Tanagra a partir do século IV a.C., e também em Alexandria, Esmirna e Tarso, embora nestes últimos locais o estilo permanecesse mais grotesco. Estátuas de grandes proporções são raras, uma exceção notável é o grupo de Zeus raptando Ganimedes, hoje em Olímpia, realizada em torno de 470 a.C.


Bronze:
O bronze se converteu em material de predileção dos escultores, e obras-primas como as esculturas canônicas de Policleto foram todas executadas originalmente no bronze. Infelizmente as mesmas qualidades que o tornaram um material favorito foram a causa do quase total desaparecimento de exemplares em épocas mais tardias. Depois da ascensão do Cristianismo como religião dominante na Europa, sendo as esculturas gregas consideradas ímpias, relíquias de uma cultura pagã, ainda mais por sua multitude de figuras nuas, imensa maioria da estatuária em bronze foi destruída para ter seu material reaproveitado sob forma de armamentos, canhões ou outras obras de arte e decoração. 


               Os Bronzes de Riace, período Severo, Museu Nacional da Magna Grécia



Hoje são raridades as esculturas gregas originais em bronze, mas as poucas que sobreviveram demonstram cabalmente o elevadíssimo nível técnico e artístico a que chegou esta produção, como o Auriga de Delfos, o Deus do Cabo Artemísion, o Jóquei do Cabo Artemísion, os dois guerreiros do Museu Nacional da Magna Grécia (os célebres Bronzes de Riace), e poucas mais. 


Mármore:
Um material utilizado principalmente na decoração escultural de templos, tumbas e edifícios públicos, o mármore deixou inúmeras relíquias também em relevos e algumas peças de estatuária, que datam de todas as fases, embora no período clássico tenha se preferido o bronze para a estatuária desvinculada da arquitetura. 

                             Cavalo, período Severo, Museu da Acrópole de Atenas

Nos primeiros tempos o material era trabalhado com certa rusticidade, e com maior acabamento nas regiões frontais, já que a estatuária tinha primariamente uma função sacra e a frontalidade era um aspecto importante na concepção das obras, perceptível até mesmo em fases tardias como o fim do classicismo: o famoso Hermes com Dionísio infante aos braços, de Praxíteles, tem um polimento brilhante e aveludado na frente, mas o dorso ainda guarda nítidas marcas do cinzel.


Pedras raras:
A arte de gravação em gemas preciosas, considerada uma técnica de escultura em miniatura, foi cultivada ao longo de toda a história grega. Se conservam em vários museus coleções magníficas de selos, camafeus e entalhes esculpidos em pedras nobres como a ágata e a sardônica, que serviam como jóias ou objetos de decoração, e que revelam um grande domínio sobre o material e um gosto refinado na elaboração dos detalhes e no aproveitamento dos efeitos de cor e transparências.


                 Camafeu de Atena, fim do século I a.C., Biblioteca Nacional da França

Dexâmeros de Quios, atuando no século V a.C., foi um dos primeiros grandes mestres da técnica, criando selos e diminutos entalhes de grande perfeição em jaspe ecalcedônia, embora os exemplos mais célebres datem da era helenística, como o chamado Camafeu Gonzaga, representando os bustos de Ptolomeu II eArsínoe conservado no Museu Hermitage. Outras aplicações da técnica se estendem a vasos e taças, das quais a Taça dos Ptolomeus é exemplo primoroso.


Estilos Arquitetônicos gregos:
Os templos gregos de pedra, cercados por uma série de colunas que sustentavam o teto, seguiam em geral três diferentes arranjos que chamamos atualmente de ordens ou de estilos arquitetônicos: o dórico, o jônico e o coríntio.
Os estilos dórico e jônico são os mais antigos da arquitetura grega. O estilo dórico é simples, sólido, sóbrio e elegante; os primeiros exemplos datam do fim do século VII a.C. O estilo jônico é caracterizado pelo graça, esbelteza e delicadeza dos detalhes; os exemplos mais antigos datam do século VI a.C.
O estilo coríntio, versão mais elaborada do estilo jônico, tem profusos detalhes ornamentais, notadamente plantas estilizadas. Começou a ser usado no fim do século V a.C. e, da época do domínio romano em diante, tornou-se o estilo predominante; a maioria das construções romanas e neoclássicas utiliza esse estilo.
A parte do templo sustentada pelas colunas, a arquitrave, tinha diferenças de forma em cada um dos três estilos; em todos eles, no entanto, relevos e outros enfeites eram acrescentados. Na parte inferior das colunas jônicas havia também, em alguns casos, relevos decorativos.



Estilos arquitetônicos básicos, da esquerda para a direita: dórico, jônico e coríntio.

Dórico: templo de Apolo, Corinto, 560 a.C..
Iônico: templo de Ártemis, Sardis, século IV a.C..
Coríntio: templo de Zeus, Atenas, século II.





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